A MORTE

A MORTE,
QUE POR AZAR
EXISTE.

E O HOMEM
SEU PERSEGUIDO
INSISTE EM DESCOBRIR
COMO ACABAR.

A MORTE
QUE TRAZ A
DOR, E O
CALAFRIO QUE
ARREPIA.

QUE TRAZ O
SOFRIMENTO,
O CHORO,
E A MORADA
AO DESENCARNADO
QUE AGORA A APRECIA.

QUE TRAZ DÚVIDAS,
E PERGUNTAS
E O GRANDIOSO
PRANTO QUE SE INICIA.

QUE FAZ DA
SAUDADE,
UM SENTIMENTO
INIGUALAVEL,
QUE NEM UM
AFAGO A AMACIA.

QUE FAZ DO SER
HUMANO,
UM SER TÃO INTELIGENTE,
SE PERGUNTAR
O QUE É A VIDA,
E O PORQUE DE SUA
GRANDIOSA CONSCIÊNCIA
SER TÃO TARDIA.

E QUE FAZ COM
QUE O CORPO
QUE SERÁ ENTERRADO
A SETE PALMOS DO
CHÃO, SE DECOMPONHA
COM O TEMPO,
SOBRE A CHUVA,
O VENTO, E SOB
O INVERNO DE NOITE
TÃO FRIA.

E OS OLHOS DO
DESENCARNADO,
ESTARÃO FECHADOS
ATÉ O TEMPO EM
QUE EXISTIREM,
E ESTE SER
QUE POR DEUS
FOI CHAMADO,
NÃO VERÁ DAQUI
DA TERRA A LUZ
DO NOVO DIA,
RAIANTE QUE SE
INICIA.

OH MEU DEUS,
PERDOA-ME POR
RETRATAR DE TAL MODO
ESSA MORTE QUE POR
MIM SE ACABARIA,
MAS ESPERO
QUE MINHA SEJA
TARDE,
SEJA TÃO TARDE
QUANTO O INTERMINÁVEL
DIA, E QUE SEJA
UMA MORTE PLENA,
TRANQUILA E
MUITO TARDIA.

PETER MENEGAT